sábado, janeiro 05, 2008

Top 10 de 2007

Problemas técnicos resolvidos, deixo agora o meu Top de 2007. Que tenhamos filmes tão bons como os do ano que passou... preferencialmente em maior quantidade (apesar de me terem escapado alguns)...

10-


Zodiac, de David Fincher

Um thriller magnificamente construído e profundamente envolvente como só Fincher consegue fazer. As interpretações são todas elas óptimas, e Fincher consegue na perfeição contar a história não do assassino, mas sim de um trio de personagens e da sua obcessão pela descoberta da identidade de um criminoso. Ambicioso e épico em termos humanos (na forma como aprofunda as suas personagens) e técnicos (na forma como retrata um longo período de tempo e os seus locais, dando uso a um brilhante e subtil uso de CGI).


9-

Paranoid Park, de Gus Van Sant

Falta-lhe talvez o poder do tema e na história geral de "Elephant", mas é sem sombra de dúvida um filme absolutamente soberbo. Van Sant atinge aqui um novo nível, revelando estar sobre controlo absoluto da sua arte, conseguindo criar momentos audiovisuais absolutamente notáveis. Mas o mais importante é sem dúvida a personagem principal e a sua história, e Van Sant consegue (mais uma vez) fazer um tocante retrato de uma geração, e daquilo que é ser um jovem.


8-



The Bourne Ultimatum, de Paul Greengrass
Uma verdadeira injecção de adredalina que, além de cenas de acção absolutamente incríveis (complexas, realistas e humanas), possui acima de tudo uma história adulta e uma personagem principal de uma ambiguidade como raramente se vê no género. Bourne luta apenas por si mesmo e por mais ninguém, procurando por respostas, tentando recuperar a sua identidade, de forma a poder enfrentar verdadeiramente os erros do seu passado. As respostas são entregues neste último (espero eu...) capítulo da trilogia, e Bourne regressa onde tudo começou de forma não só a enfrentar o seu criador, mas acima de tudo para se enfrentar a si mesmo e ao seu passado, de forma não a obter redenção, mas antes para abrir a porta que a possibilite. A porta fica aberta, e agora Bourne pode finalmente atravessá-la.

7-




Ratatouille, de Brad Bird

Um filme de animação absolutamente maravilhoso. Seja na sua comédia fisica, no esplendor visual, ou no seu argumento acima do esperado no género (mesmo vindo da Pixar...), Ratatouille é um triunfo a todos os níveis, um filme de hoje que relembra curiosamente os filmes do passado. Sente-se aqui um espírito à la Disney, apenas actualizado ao cinema de animação de hoje, com um argumento complexo (será possível não nos matavilharmos com aquele crítico gastronómico?) e um estilo visual belíssimo. Um filme que coloca um enorme sorriso na cara e no espírito de qualquer um.

6-




Death Proof, de Quentin Tarantino

O filme Z de Tarantino. Uma homenagem a um género que o inspirou. "Death Proof" é o filme Z do presente, mantendo o espírito clássico característico do género. Temos aqui telemóveis, perseguições de carro mais elaboradas (e que espectacular que é aquela perseguição final!!), e... Kurt Russel. Além desta temática, Death Proof é um divertimento nostálgico espectacular... de todas as minhas idas ao cinema, esta foi sem dúvida uma das que mais divertiu (com aquele final...). Talvez não seja o melhor de Tarantino, mas dos seus filmes é sem dúvida o que mais entretém. Entretenimento feito por cinéfilos (Tarantino), para cinéfilos


5-


The Good Shepherd, de Robert DeNiro
Obra-Prima de DeNiro, que revela aqui (digo eu, que nunca vi o seu primeiro filme como realizador) uma sensibilidade notável, e um controlo absoluto sobre uma épica e ambiciosa história sobre aquela misteriosa insituição que é a CIA. Mas The Good Shepherd é também a história de uma notável personagem: um dos primeiros agentes, Edward Wilson, interpretado por um espectacular Matt Damon. Frio, distante, mas emocionalmente profundo, Damon faz um trabalho notável, digno de um dos maiores actores da sua geração. De facto, todos os actores (tenhal eles papéis grandes ou pequenos) fazem um trabalho no mínimo magnético. Uma das Obras-Primas do ano. Absolutamente magnífico.

4-





Eastern Promises, de David Cronenberg

Cronenberg não desilude. Depois dos também óptimos "A History of Violence" e "Spider", Cronenberg mantémo seu cinema impregnado numa violência tão física quanto psicológica. Esta é, pois, uma interessantíssima fase do realizador, que parece afastar-se de robôs e homens que se transformam em moscas gigantes para se concentrar em universos mais... reais. Podemos identificar em "Eastern Promises" a violência que sempre existiu na filmografia do realizador, mas uma violência mais humana e realista. Cronenberg transporta-nos pelo universo da máfia russa de Londres, criando personagens que nunca são o que parecem, levando-nos pelas suas várias camadas. Viggo Mortensen tem uma interpretação poderosíssima, encarnando e emergindo-se a si mesmo na sua personagem. A violência e intensidade de um mundo como apenas Cronenberg consegue retratar... particularmente neste caso, quando este mundo está tão perto do nosso. Pois"Eastern Promises" é, acima de tudo (por entre a violência e intensidade), um filme profundamente humano. E tem aquela que é talvez uma das mais intensas cenas que jamais vi numa sala de cinema.

3-


Redacted, de Brian De Palma

Com toda a nova tecnologia e meios de comunicação desta nova era, De Palma revela um nova forma de fazer cinema. Redacted é cinema experimental no seu melhor, esteticamente espectacular... e é ainda um filme emocionalmente poderosíssimo, sendo um profundo estudo da natureza humana e da actual sociedade. É um filme anti-guerra, sim, mas é, acima disso, um filme pró-verdade.

2-



Letters from Iwo Jima, de Clint Eastwood

Eastwood é um cineasta grandioso, sendo (juntamente com Scorsese, entre poucos outros) um dos grandes cineastas clássicos do cinema actual. Eastwood é um contador de histórias fascinado com as personagens da história que está a relatar, e a dimensão humana de "Letters from Iwo Jima" é arrebatadora. Esta é uma obra-prima que nos toca verdadeiramente no âmago, um filme poderosíssimo, que nos revela (juntamente com "Flags of Our Fathers"), a verdadeira dimensão daquilo que é uma guerra.





1-


The Fountain, de Darren Aronofsky

Oh vá lá... quem é que já não estava à espera desta? Aqueles que costumam ler este blogue já sabem há meses que filme ocuparia este lugar no meu top de 2007. Com uma larga vantagem sobre os restantes filmes do top, "The Fountain" é, pura e simplesmente, um dos grandes filmes da minha (ainda curta, e por isso é que odeio dizer isto... mas é mesmo...) vida. Visionário, emocionalmente e visualmente arrebatador, uma experiência sensorial... este é, de longe, o meu filme preferido de 2007.

11 comentários:

Loot disse...

Do teu top apenas vi 4, Eastern promisses, Zodiac, Fountain e letters from iwo jima (vi-o ontem), quatro escolhas fantásticas que também farão parte das minhas.

De resto os outros que mencionaste são todos filmes que tenho em lista de espera para ver.
Filmes que também adorei e não tens na lista são o El laberinto del fauno, o control e o mysterious skin.

Abraço

Gonçalo Trindade disse...

E acabaste de dizer exactamente os três grandes filmes que me escaparam em 2007. Infelizmente, desconfio que nos próximos tempos não os vou conseguir ver... apesar de desejar muito ver o Control numa sala de cinema... talvez o consiga apanhar no Medeia.
Espero bem que ainda estejas sob o efeito do Letters From Iwo Jima :p... é emocionalmente poderosíssimo, e a mim ficou-me a matutar por algum tempo. O Eastwood não desilude.

Um abraço!

Cataclismo Cerebral disse...

Tenho pena de ainda não ter visto o The Fountain :( O Eastern Promises foi a grande desilusão do ano, para mim. De 2007 destaco o Little Children, INLAND EMPIRE, Redacted, The Brave One, Mysterious Skin, Half Nelson, Bug, Lady Chatterley, Away From Her e Zodiac.

Abraço

Gonçalo Trindade disse...

Conheço mais gente que também apanhou uma valente desilusão com o Eastern Promises. E consigo perceber porquê... esta nova fase do Cronenberg certamente não agrada a todos...
Mas tenho pena que tenhas ficado assim tanto desiludido. Li a tua crítica e até me fez baixar um bocado as expectativas :P, mas no final (no meu caso) não havia nada a recear.

Essa lista é óptima, apesar de ainda não ter visto o Inland Empire (mas a vontade é maior que nunca, após um revisionamento do "oh-é-tão-belo-que-até-dói" Mulholland Drive. E pelo amor de Deus, aluga o The Fountain!!

Um abraço!

Loot disse...

Letters from Iwo Jima é um filme poderoso como dizes. Agora estou cheio de vontade de ver o Flags of our fathers, apesar de pressentir que não seja tão bom.
Clint eastwood é sem dúvida um tremendo realizador.

Eastern Promisses mostra que um filme não tem de ser cheio de complexidade para ser brilhante adorei.
Já do INLAND EMPIRE esperava mais, acho muito melhor o Mulholand dr que mencionas, ou o lost highway ou o Homem elefante, etc.
Quando falo deste filme costumo realçar que quando o vi estava cheio de sono por isso ainda o quero voltar a ver na esperança que me faça sentir como outros filmes do Lynch, ainda não perdi a esperança,mas infelizmente acho mesmo qu vou continuar a preferir muito mais os que mencionei acima.

C. disse...

Não vi 3, entre os quais, o teu 1º lugar.

Devias ter visto "Flags..." antes de "Letters", mas ao menos viste o melhor, de longe!

Gonçalo Trindade disse...

Loot: O Letters of Iwo Jima é mais um ponto a favor dos que consideram o Eastwood um dos maiores realizaodres vivos actualmente. É simplesmente um filme imenso.
O Eastern Promises concordo contigo: a realização de Cronenberg é toda ela controlada, e é um filme que parece ir muito directo ao assunto... e é por isso mesmo que é tão bom. O Cronenberg conta a sua história de uma forma clássica, concentrando-se em colocar-nos directamente sobre a pele das personagens, indo ao longo do filme revelando-as tal como elas são, como num jogo de camadas, sendo cada uma delas lentamente retirada até finalmente chegarmos ao fundo... ao coração da personagem.

O INLAND EMPIRE já desiludiu muita gente... já ouvi mesmo os mais fanáticos do Lynch a afirmarem que, neste filme, ele simplesmente perdeu o controlo sobre o seu estilo, e o filme é todo ele demasiado longo e desconexo (e se o viste com sono, ainda com mais deves ter ficado :p). Mas tenho mesmo de o ver. O Lynch é um génio e, curiosamente, fiquei a gostar muito mais de Mulholland Dr após o revisionamento. Da primeira vez, não teve grande impacto... mas desta vez acho-o simplesmente um filme de uma beleza arrebatadora. Uma Obra-Prima, juntamente com os filmes que mencionaste (aquele Elephant Man, particularmente...).

Blues: Ainda tenho mesmo de ver o Flags. Lembro-me de, quando alugei o Letters, ter ficado indeciso entre um e outro... mas não resisti e trouxe o Letters para casa (acho que fui contagiado por todas aquelas críticas negativas...). E, realmente, é uma Obra-Prima. Mas o Flags também hei-de ver em breve...

E pelo amor de Deus, aluga o The Fountain :p!!


Uma abraço a ambos!

Unknown disse...

Gosto de todos os filmes citados, mas nunca colocaria o The Fountain em 1º. Mas gostos são gostos...
Saudações,
VA

Gonçalo Trindade disse...

Sem dúvida. Gostos são gostos, particularmente num filme como The Fountain... uma obra de extremos.

Saudações

Loot disse...

Aconteceu-me o mesmo que a ti quando fui alugar estive com os dois filmes na mão e como não sabia quando poderia voltar a ver outro filme optei pelo Letters.

Sobre o INLAND EMPIRE eu tenho-o visto em vários tops por aí por isso deve ter agradado a muita gente e de facto quando penso no filme ele possui uma data de momentos interessantes é um pesadelo Lynchiano, mas na altura quando saí da sala de cinema senti-me um pouco apático em relação a ele, não me fez sentir como outros, quando vi o mulholand dr. por exemplo saí do cinema a delirar e com a cabeça "à roda".

Vai ver o filme e não leias nada sobre ele, vai de espírito aberto e depois logo vês o que sentes, e espero que gostes.

Abraço

Gonçalo Trindade disse...

Loot: Deixa lá que parece que fizemos a opção coreecta :p. Mas o Flags ainda hei-de ver...

Também o tenho visto agora por aì em muitos tops. Não sei praticamente nada da história do filme (num filme do Lynch, esta frase soa cómica...), e tentei manter-me de mente aberta o mais aberta possível. Mas acanei por baixar um bocadito as expectativas, vá-se lá saber porquê... comecei a ouvir dizer que era um Un Chien Andalouz (uma curta brilhante!!) mas sem qualquer tipo de emoção, e isso desmotivou-me um bocadito... mas tens razão, devo manter a mente o mais aberta possível. O Mulholland Dr curiosamente da primeira vez que vi deixou-me como o INLAND EMPIRE te deixou a ti: apático. Só num revisionamento é que o filme me tocou verdadeiramente. Espero que o INLAND EMPIRE me faça isso logo no primeiro visionamento. É um filme que verei muito em breve, e um dos grandes que me escaparam em 2007... imperdoável para mim, tendo em conta que gosto muito do Lynch (então aquele Elephant Man... aquele Elephant Man...).

Um abraço!

Um abraço!