sexta-feira, dezembro 01, 2006

Casino Royale. de Martin Campbell

Reboot


Grande parte dos fãs torceu o nariz quando foi anunciado que Daniel Craig iria ser o novo 007, após o abrupto e inesperado despedimento de Pierce Brosnan por parte dos produtores da saga.
Muitos disseram que era um erro, afirmando que Craig não poderia ser um bom James Bond, devido ao facto de ser louro, e de não ter aquele ar de galã tão característico dos anteriores intérpretes do agente secreto. Exacto. O homem é louro, logo é um mau actor.

Lembro-me de pensar para mim próprio... "Mas que raio? Será que ninguém viu o Munique?".

Pois... parece-me que não viram, não...

Descontentes com a direcção que a série estava a tomar (e com muita razão! Hale Berry como Bond Girl? Tema principal da Madonna? Efeitos visuais a torto e a direito? A saga estava a banalizar-se em cada novo capítulo...), os produtores da saga decidiram que era necessário um reboot, um novo capítulo que fizesse Bond regressar às origens.
Adapta-se um filme do primeiro romance de Ian Fleming, contrata-se um actor tão diferente do habitual James Bond, e traz-se de volta o realizador que anteriormente trouxe a série de volta. Mas será que isso resolveu mesmo o problema?

Sim. «Casino Royale» é um excelente filme, e Daniel Craig soube calar todos os que o criticavam, interpretando um James Bond o mais próximo possível do que foi idealizado por Ian Fleming.

Este é, sem dúvida, um dos melhores filmes de toda a saga. Paul Haggis escreveu um mangífico argumento, concentrando toda a complexidade da história, e sabendo manter mesmo assim a profundidade emocional de todas as personagens. De facto, este Bond tem um certo impacto emocional que nenhum dos outros filmes da saga conseguiu ter, devido à importância que dá ao relacionamento entre James Bond e Vesper Lynd, o grande amor do agente secreto.

Eva Green brilha como Bond Girl, e a sua química com Craig é um dos grandes trunfos do filme. Desta vez, a Bond Girl não existe apenas para ser conquistada por Bond. Desta vez é uma personagem com profundidade emocional, com a sua própria importância na história.

E, sejamos sinceros... em termos de beleza, Eva Green põe a maior parte das Bond Girls a um canto.

E o vilão... mas será que há alguma coisa mais deliciosa que um vilão a usar uma bomba de asma? Digam-me lá se esse não é, pura e simplesmente, um dos melhores pormenores jamais criados na caracterização de qualquer mau-da-fita?
Mads Mikkelsen é um excelente vilão, dando aquele lado malvado mas ao mesmo tempo humano que qualquer bom vilão deve ter. Le Chiffre tornou-se imediatamente um dos meus vilões favoritos de toda a saga.

Mas voltemos ao filme no geral... mencionei acima que Daniel Craig dava vida a um James Bond mais brutal, mais humano. De facto, este agente secreto é mais humano, ainda mais arrogante que o James Bond de Sean Connery ou Roger Moore. Desde quando é que James Bond tem de se ver ao espelho para cuidar das feridas? Desde quando é que James Bond é inexperiente ao ponto de caír em armadilhas? Este é o verdadeiro James Bond. O James Bond de Ian Fleming.

As cenas de acção são mais realistas e logo mais elaboradas (a perseguição perto do início do filme é espectacular), dando ao filme um carácter muito mais sério.

Basicamente, este é um magnífico reboot, um excelente regresso às origens.

Este é James Bond tal como ele deve ser, tal como foi idealizado por Ian Fleming. Mais brutal, mair arrogante, mais humano...

«Casino Royale» é um excelente filme, um filme que agradará a qualquer verdadeiro fã do agente secreto mais famoso do Mundo... e, muito provavelmente, também cativará alguns novos fãs.

Ian Fleming ficaria orgulhoso.



9/10

2 comentários:

gonn1000 disse...

9/10 não diria, mas um 7 merece à vontade, foi uma bela surpresa e eu nem sou fã da saga. Craig rules!

Gonçalo Trindade disse...

Sem dúvida. O Pierce Brosnan é um bom Bond, mas a brutalidade e o ar algo ameaçador de Craig tornam-no no mais adequado para o papel. Eu sempre fui fã da saga, e foi óptimo ver este belo renascer da saga.