quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Oh raios...




É complicado fazer boas trilogias. É complicado manter um constante a bom nível de qualidade ao longo de três filmes. É por isso que trilogias como as de "Star Wars" (a original, claro...), a de "The Matrix" (sim, eu gostei muito!), ou a de "Lord of the Rings" têm um enorme valor. E, mais recentemente, a trilogia de "The Bourne Identity/Supremacy/Ultimatum" tornou-se em mais uma dessas trilogias. Todos os três capítulos são de uma enorme qualidade... particularmente o terceiro, "The Bourne Ultimatum", que foi como receber uma injecção de adredalina directamente no coração (além também de ser a melhor parte de uma magnífica história sobre uma ambígua e complexa personagem). E fazer um quarto filme seria um erro. A história está terminada, foi um óptimo final para a saga... porquê fazer mais? Será que precisamos mesmo de mais perseguições e câmaras que simplesmente não sabem ficar quietas? Não, não precisamos. Mas a Universal discorda.

E segundo este artigo, os executivos da Universal, Marc Shmuger e David Linde, contrataram Greengrass e Damon para mais um capítulo.

"More recently, Shmuger and Linde landed Paul Greengrass and Matt Damon for a fourth "Bourne" movie, even though the director and star seemed ready to wrap it up after three pics."

Desnecessário, no mínimo. A trilogia já estava tão boa assim... porquê fazer mais? O que é que lhe vão fazer? Dar-lhe uma pancada na cabeça para ele perder novamente a memória? Se até o raio do homem diz no filme que já se lembra de tudo... enfim, questões comerciais acima das artísticas. Mas isto é tão, mas tão desnecessário... até acabaram o último filme com um excelente remix do "Extreme Ways" do Moby...

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Persépolis em sessão especial no El Corte Inglês


Para os que, como eu, já anseiam por este filme há muito tempo (e são tantos os bons filmes agora em cartaz, tantos...).


"PERSÉPOLIS EM SESSÃO ESPECIAL
NOS CINEMAS UCI – EL CORTE INGLÈS

Para assinalar a estreia de PERSÉPOLIS já no próximo dia 21 de Fevereiro, a Midas Filmes vai organizar uma sessão especial à meia-noite de sábado, 16 de Fevereiro, nos Cinemas UCI – El Corte Inglês para os primeiros espectadores a querer ver em primeira mão a tão aguardada animação nomeada para um Óscar nessa mesma categoria. Na compra de um bilhete receberão um outro gratuito para a mesma sessão.

Recorde-se que o filme, realizado por Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, e baseado na obra autobiográfica de Satrapi, mergulha em 15 anos da história do Irão, da deposição do regime do Xá, em 1978 e tomada do poder pelos fundamentalistas islâmicos, passando pela guerra Irão-Iraque, e até 1993, momento em que a jovem heroína do filme, decide que, para ser livre e emancipada, tem que deixar o seu país natal.

A história de PERSÉPOLIS é-nos contada atrás dos olhos de Marjane, uma criança de 9 anos, que vive em Teerão no seio de uma família culta, não se separa dos seus ténis Adidas, tem Bruce Lee como seu herói pessoal e passa boa parte do seu tempo em longas conversas com Deus e Marx.

Com um delicado equilíbrio entre a tragédia histórica e a comédia familiar, e o drama e a sátira social, PERSÉPOLIS é exímio não apenas na sua abordagem delicada aos conturbados acontecimentos que assolaram o Irão neste período, mas também no olhar destemido que lança sobre temas como a liberdade e repressão, o preconceito e o fundamentalismo religioso, e a ignorância e a intolerância.


Saiba mais sobre o filme em www.midas-filmes.pt"

E mais uma vez (e eu que o diga, que tenho aqui a colecção Tarkovsky...), obrigado à distribuidora Midas!

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Exemplar a todos os níveis



"Atonement", de Joe Wright, é um filme em que todos os aspectos trabalham em sintonia de forma a criar uma maravilhosa experiência cinematográfica. As interpretações são todas elas magníficas (está bem, Keira Knightley... desta convenceste-me...), a fotografia é belíssima, a banda-sonora é original (belo uso da máquina de escrever, que acaba por no final ter uma forte ligação à história) e excelente... e há a realização de Joe Wright. E aqui Joe Wright revela uma sensibilidade, uma atenção aos pormenores, uma imaginação narrativa e visual notável (aquele plano contínuo, por exemplo). De facto, em "Atonement" existem momentos em que estamos perante verdadeira poesia em movimento. Momentos emocionalmente poderosíssimos (aquele twist...), visualmente maravilhosos... momentos que são simplesmente tudo aquilo que adoramos no cinema.

Tudo isto para dizer que "Atonement" é um magnífico filme (poderá vir a ser um dos melhores do ano), merecedor dos prémios e das nomeações aos Óscares que tem vindo a receber.

Falta-me agora ler o livro. Já me disseram que esta é uma adaptação péssima... e sim, acredito que talvez seja. Como adaptação pode ser péssimo, mas como filme é brilhante.
E Vanessa Redgrave está arrebatadora... mesmo com tão pouco tempo no ecrã, a sua prestação é simplesmente espectacular.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Grandes Videoclips

Porque existem por aí videoclips que são autênticos grandes pequenos filmes, e porque existem por aì grandes realizadores a fazerem pequenos grandes videoclips... e porque era isso que o Michael Bay devia estar a fazer em vez de estar no cinema... e porque nada mais me agradaria do que falar de música de vez em quando neste meu espaço.

Inicio esta pequena rubrica com um videoclip cujo valor cinematográfico é inegável: o videoclip de "Bones", dos The Killers. E o seu valor cinematográfico é inegável porque quem o realizou foi nada mais nada menos que o grande... Tim Burton. E nota-se o seu estilo, quer seja nos ossos do guitarrista ou nos esqueletos em câmara lenta. Um excelente videoclip para uma excelente música, e aproveito para aqui proclamar a minha adoração pelo muitas vezes odiado álbum do qual esta música foi retirada: "Sam's Town", o segundo álbum dos The Killers, uma banda da qual sou um enorme admirador, e cujo segundo álbum demonstra um enorme salto de maturidade e criatividade em relação ao seu primeiro trabalho, o também excelente "Hot Fuss".

"Bones". Música dos The Killers, videoclip realizado por Tim Burton.



The Killers - Bones
Colocado por toma-uno

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Ciclo de Cinema Nova Escola de Berlim



"A Nova Escola de Berlim é um movimento cinematográfico contemporâneo de invulgar importância. Espécie de anti-Dogma, por não ter quaisquer regras definidas, e também chamada de Nouvelle Vague alemã, foi designada como tal em 2001 por dois críticos que tentavam compreender o impacto conjunto dos realizadores Angela Schanelec, Thomas Arslan e Christian Petzold, devido ao facto destes terem estudado (com Harmut Bitomsky e Harun Farocki) na dffb, uma academia independente de cinema em Berlim. Esta renovação artística do cinema alemão começou efectivamente a fazer-se sentir quando, ao gesto cinematográfico original e contínuo dos primeiros, autores com cinco ou mais longas-metragens, outros cineastas mais novos, num cúmplice movimento de aproximação, a eles se associaram e os filmes de ambos começaram a chegar aos grandes festivais internacionais. De entre estes, saliência neste programa para Valeska Grisebach, com o seu líndissimo «filme de amor», SEHNSUCHT, filmado depois de extensa investigação, com actores amadores/não-actores que acrescentam rostos novos, mais comuns e de maior generosidade, ao cinema. Outro jovem e talentoso realizador é Ulrich Köhler, com o seu sarcasmo implacável mas contido em BUNGALOW."


Programação:

5ª, dia 31.1, 21h30 – São Jorge 3
Sehnsucht / Anseio 2006, 85’
Valeska Grisebach

6ª, dia 1.2, 21h30 – São Jorge 3
Bungalow 2002, 84’
Ulrich Köhler

Sáb, dia 2.2, 19h – São Jorge 3
Marseille / Marselha 2004, 95’
Angela Schanelec

Sáb, dia 2.2, 21h30 – São Jorge 3
Ferien / Férias 2007, 91’
Thomas Arslan

Dom, dia 3.2, 21h30 – São Jorge 3
Nachmittag / Tarde 2006, 97’
Angela Schanelec

2ª, dia 4.2, 21h30 – São Jorge 3
Klassenfahrt / Excursão escolar 2002, 86’
Henner Winckler

3ª, dia 5.2, 21h30 – São Jorge 3
Schläfer / Adormecido 2005, 100’
Benjamin Heisenberg

4ª, dia 6.2, 19h – São Jorge 3
Wolfsburg / Wolfsburgo 2002, 93’
Christian Petzold
com a presença do realizador


Programação de André Dias, autor do blogue Ainda Não Começámos a Pensar.

Porque vale sempre, sempre a pena divulgar estes belos ciclos de cinema...

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Tão jovem...


Chocante e triste...

Tinha 28 anos e uma carreira que estava agora a atingir o auge. Poderá ter sido uma overdose de comprimidos para dormir acidental, já que Ledger sofria de insónias já há algum tempo.

O seu trabalho como Joker era um dos papéis que mais ansiava (e anseio) ver, e "Brokeback Mountain" revelou um potencial enorme. Esperava que Ledger crescesse mais, se tornasse num actor verdadeiramente portentoso. O seu potencial, o seu talento em bruto era enorme. Mas nunca veremos o amadurecimento deste actor, deste jovem, cuja carreira estava agora a atingir o auge. A sua escolha de papéis a interpretar revelava uma coragem digna de um grande actor, e tinha um futuro promissor à sua frente. Mas nunca veremos isso.

Morreu quando ainda tinha tanto para dar... não só a nós, cinéfilos, mas também à família e amigos. Era jovem. Tão jovem...

Que descanse em paz.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

David e o iPhone

Será lançado em breve (ou se calhar até já foi lançado e eu é que não me mantenho informado...) o iPhone, o telemóvel da Apple. Esse belo dispositivo permitirá, entre outras coisas, ver filmes no telemóvel. Algo inovador, sem dúvida. Mas... que pensará o nosso David Lynch acerca disto? Ora vejamos...



Tenho a certeza que a Apple também te adora, David! Raios, este homem é mesmo um espectáculo...

Eu, pessoalmente, tenho de concordar. É claro que se estivermos num longo voo de três horas e desejarmos ver o Magnolia pela enésima vez... está bem, aceita-se. Apenas porque é a enésima vez. Mas um filme (qualquer filme, seja ele um drama ou uma comédia romântica) deve ser visto pela primeira vez em condições minimamente aceitáveis... condições essas que um simples ecrã de telemóvel não consegue providenciar.

E vocês, o que acham?

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Aquela idade

Imagem de "O Castelo Andante", um filme que é todo ele sobre a perda dos medos infantis e a chegada à maturidade



Faço hoje 18 anos. Discutivelmente, podemos afirmar que essa é a primeira grande idade na vida de alguém. Legalmente, pelo menos. Já posso ser preso, casar-me, e tirar a cartade condução. Vá-se lá saber porquê, não planeio fazer nada disso em breve, por isso mantém-se tudo igual. Mas sinto-me ligeiramente mais velho, e agora posso entrar naqueles tais filmes para maiores de 18 que raramente aparecem nas nossas salas. Ah, e estou mais perto dos 20.

E recebi aqui a bela colecção Tarkovsky da Midas, e irei agora finalmente conhecer aquele que é um dos mais únicos cineastasda Sétima Arte. Só por isso, o dia de hoje já é importante.
E voilá... sou maior de idade. E cinematograficamente mais culto, em breve.


segunda-feira, janeiro 07, 2008

A Juventude




"Rebel Without A Cause", realizado por Nicholas Ray e protagonizado pelo lendário James Dean, é, indo directo ao assunto, o mais impressionante, realista, profundo, e belo retrato de juventude que jamais vi. De facto, esta é uma Obra-Prima absoluta, um triunfo em todos os aspectos... mas o que mais surpreende é sem duvida o facto de ser tão intemporal. Já passaram mais de cinquenta anos, mas o filme continua profundamente actual. E muito provavelmente continuará a sê-lo daqui a mais cinquenta e tal anos.

É, em praticamente duas horas, a essência de um jovem e o seu mundo. Não a essência de apenas uma geração, mas a da juventude em si. Senti uma fortíssima ligação com aquele trio de personagens (particularmente com Jim, interpretado por um espantoso James Dean) e com o seu mundo, todo ele tão realista e complexo, tal como... enfim, tal como o mundo é realmente. Não existem estereótipos, não existem assuntos simplificados... é apenas toda a essência de uma juventude tal como ela é. As relações com os pais (todos eles encarados de forma igualmente realista e complexa) e com os restantes membros de uma certa geração... todo o filme é de uma profundidade arrebatadora.

E há James Dean que se destaca por entre todas aquelas belas interpretações. James Dean, com a sua intensidade num papel que ficará para sempre gravado na minha memória. James Dean, provando aqui a razão do seu estatuto. James Dean, sempre fascinante e inigualável, com uma presença e uma intensidade digna de uma lenda. A sua presença acaba, pois, por ser um dos muitos trunfos de um filme que é todo ele absolutamente intemporal e perfeito.

Obra-Prima absoluta.

sábado, janeiro 05, 2008

Top 10 de 2007

Problemas técnicos resolvidos, deixo agora o meu Top de 2007. Que tenhamos filmes tão bons como os do ano que passou... preferencialmente em maior quantidade (apesar de me terem escapado alguns)...

10-


Zodiac, de David Fincher

Um thriller magnificamente construído e profundamente envolvente como só Fincher consegue fazer. As interpretações são todas elas óptimas, e Fincher consegue na perfeição contar a história não do assassino, mas sim de um trio de personagens e da sua obcessão pela descoberta da identidade de um criminoso. Ambicioso e épico em termos humanos (na forma como aprofunda as suas personagens) e técnicos (na forma como retrata um longo período de tempo e os seus locais, dando uso a um brilhante e subtil uso de CGI).


9-

Paranoid Park, de Gus Van Sant

Falta-lhe talvez o poder do tema e na história geral de "Elephant", mas é sem sombra de dúvida um filme absolutamente soberbo. Van Sant atinge aqui um novo nível, revelando estar sobre controlo absoluto da sua arte, conseguindo criar momentos audiovisuais absolutamente notáveis. Mas o mais importante é sem dúvida a personagem principal e a sua história, e Van Sant consegue (mais uma vez) fazer um tocante retrato de uma geração, e daquilo que é ser um jovem.


8-



The Bourne Ultimatum, de Paul Greengrass
Uma verdadeira injecção de adredalina que, além de cenas de acção absolutamente incríveis (complexas, realistas e humanas), possui acima de tudo uma história adulta e uma personagem principal de uma ambiguidade como raramente se vê no género. Bourne luta apenas por si mesmo e por mais ninguém, procurando por respostas, tentando recuperar a sua identidade, de forma a poder enfrentar verdadeiramente os erros do seu passado. As respostas são entregues neste último (espero eu...) capítulo da trilogia, e Bourne regressa onde tudo começou de forma não só a enfrentar o seu criador, mas acima de tudo para se enfrentar a si mesmo e ao seu passado, de forma não a obter redenção, mas antes para abrir a porta que a possibilite. A porta fica aberta, e agora Bourne pode finalmente atravessá-la.

7-




Ratatouille, de Brad Bird

Um filme de animação absolutamente maravilhoso. Seja na sua comédia fisica, no esplendor visual, ou no seu argumento acima do esperado no género (mesmo vindo da Pixar...), Ratatouille é um triunfo a todos os níveis, um filme de hoje que relembra curiosamente os filmes do passado. Sente-se aqui um espírito à la Disney, apenas actualizado ao cinema de animação de hoje, com um argumento complexo (será possível não nos matavilharmos com aquele crítico gastronómico?) e um estilo visual belíssimo. Um filme que coloca um enorme sorriso na cara e no espírito de qualquer um.

6-




Death Proof, de Quentin Tarantino

O filme Z de Tarantino. Uma homenagem a um género que o inspirou. "Death Proof" é o filme Z do presente, mantendo o espírito clássico característico do género. Temos aqui telemóveis, perseguições de carro mais elaboradas (e que espectacular que é aquela perseguição final!!), e... Kurt Russel. Além desta temática, Death Proof é um divertimento nostálgico espectacular... de todas as minhas idas ao cinema, esta foi sem dúvida uma das que mais divertiu (com aquele final...). Talvez não seja o melhor de Tarantino, mas dos seus filmes é sem dúvida o que mais entretém. Entretenimento feito por cinéfilos (Tarantino), para cinéfilos


5-


The Good Shepherd, de Robert DeNiro
Obra-Prima de DeNiro, que revela aqui (digo eu, que nunca vi o seu primeiro filme como realizador) uma sensibilidade notável, e um controlo absoluto sobre uma épica e ambiciosa história sobre aquela misteriosa insituição que é a CIA. Mas The Good Shepherd é também a história de uma notável personagem: um dos primeiros agentes, Edward Wilson, interpretado por um espectacular Matt Damon. Frio, distante, mas emocionalmente profundo, Damon faz um trabalho notável, digno de um dos maiores actores da sua geração. De facto, todos os actores (tenhal eles papéis grandes ou pequenos) fazem um trabalho no mínimo magnético. Uma das Obras-Primas do ano. Absolutamente magnífico.

4-





Eastern Promises, de David Cronenberg

Cronenberg não desilude. Depois dos também óptimos "A History of Violence" e "Spider", Cronenberg mantémo seu cinema impregnado numa violência tão física quanto psicológica. Esta é, pois, uma interessantíssima fase do realizador, que parece afastar-se de robôs e homens que se transformam em moscas gigantes para se concentrar em universos mais... reais. Podemos identificar em "Eastern Promises" a violência que sempre existiu na filmografia do realizador, mas uma violência mais humana e realista. Cronenberg transporta-nos pelo universo da máfia russa de Londres, criando personagens que nunca são o que parecem, levando-nos pelas suas várias camadas. Viggo Mortensen tem uma interpretação poderosíssima, encarnando e emergindo-se a si mesmo na sua personagem. A violência e intensidade de um mundo como apenas Cronenberg consegue retratar... particularmente neste caso, quando este mundo está tão perto do nosso. Pois"Eastern Promises" é, acima de tudo (por entre a violência e intensidade), um filme profundamente humano. E tem aquela que é talvez uma das mais intensas cenas que jamais vi numa sala de cinema.

3-


Redacted, de Brian De Palma

Com toda a nova tecnologia e meios de comunicação desta nova era, De Palma revela um nova forma de fazer cinema. Redacted é cinema experimental no seu melhor, esteticamente espectacular... e é ainda um filme emocionalmente poderosíssimo, sendo um profundo estudo da natureza humana e da actual sociedade. É um filme anti-guerra, sim, mas é, acima disso, um filme pró-verdade.

2-



Letters from Iwo Jima, de Clint Eastwood

Eastwood é um cineasta grandioso, sendo (juntamente com Scorsese, entre poucos outros) um dos grandes cineastas clássicos do cinema actual. Eastwood é um contador de histórias fascinado com as personagens da história que está a relatar, e a dimensão humana de "Letters from Iwo Jima" é arrebatadora. Esta é uma obra-prima que nos toca verdadeiramente no âmago, um filme poderosíssimo, que nos revela (juntamente com "Flags of Our Fathers"), a verdadeira dimensão daquilo que é uma guerra.





1-


The Fountain, de Darren Aronofsky

Oh vá lá... quem é que já não estava à espera desta? Aqueles que costumam ler este blogue já sabem há meses que filme ocuparia este lugar no meu top de 2007. Com uma larga vantagem sobre os restantes filmes do top, "The Fountain" é, pura e simplesmente, um dos grandes filmes da minha (ainda curta, e por isso é que odeio dizer isto... mas é mesmo...) vida. Visionário, emocionalmente e visualmente arrebatador, uma experiência sensorial... este é, de longe, o meu filme preferido de 2007.

domingo, dezembro 30, 2007

Uma pequena pausa

Por motivos técnicos (o PC enlouqueceu!!), farei uma pequena pausa no Cinefolia. Uma chatice, já que tinha aqui uma bela ideia para um post que terá de ficar adiada... enfim. Irritante pausa inesperada...
Regressarei o mais rapidamente possível (com qualquer coisa acerca da minha primeira curta-metragem (que por acaso parece que não vai ficar assim tão curta) e da bela experiência que tem sido), com problemas técnicos resolvidos e um PC um pouco mais calmo.

E agora... DESEJO-VOS A TODOS UM BELO E PRÓSPERO ANO NOVO!! (peço desculpa pelo caps, mas devido às questões técnicas previamente mencionadas, não consigo modificar em nada o formato da escrita).


/inserir aqui uma qualquer imagem agradável de carácter cinematográfico que transmita de qualquer forma a mensagem mencionada em cima (pois... também não consigo colocar imagens...)


BOM 2008 A TODOS, E ATÉ BREVE!!

domingo, dezembro 23, 2007

Feliz Natal/Hannukah/etc!



E que recebam belas prendas de alto calibre cinematográfico (olhem que o Blade Runner e a colecção Stanley Kubrick já estão à venda...)!

sábado, dezembro 22, 2007

Desperdício



E heis que as regras do género fantástico se começam a definir: atira-se para lá um jovem qualquer que parte numa aventura, adiciona-se uma profecia qualquer, e cria-se uma organização malvada (ou apenas um vilão ou uma vilã) que quer deter a criança. Já tivemos o Frodo, o Potter, os irmãos das Crónicas de Narnia, e agora temos a jovem Lyra. Mas enquanto que, à excepção do de Lyra, todos estes filmes anteriores se destacavam nem que fosse nalgum aspecto (seja os magníficos efeitos visuais da Weta, a interessante vertente emocional da história de Potter, ou... enfim, basicamente tudo na trilogia de Peter Jackson), "A Bússola Dourada" é banal em todos os aspectos. A história é previsível e nada interessante; os efeitos visuais não de destacam em comparação com o que se faz actualmente (ou com o que já se fez...); e os actores não têm grande coisa que fazer. Chris Weistz, o realizador, tinha desistido do projecto há alguns anos atrás por achar que este era simplesmente um filme demasiado complicado de fazer. Infelizmente, acabou por retomar o projecto anos depois... e o resultado chega agora.

A Bússola Dourada" é a adaptação do primeiro de uma trilogia literária escrita por Phillip Pullman. E se como filme é mau, como adaptação é ainda pior. Trata-se de uma simples banalização e simplificação de uma bela obra literária, tentando ao máximo copiar e seguir as tais regras que este género começa a criar. A história move-se a pontapé, as personagens parecem robôs, e nem mesmo a níveis mais técnicos o filme se destaca.

O que é que sobra? Enfim... a Nicole Kidman está magnífica como sempre, iluminando o ecrã sempre que aparece (pena é que não apareça assim tantas vezes...)... e os ursos polares estão engraçados. Mas isso em nada compensa um filme que parece ter sido todo ele feito por robôs, e que no espectador consegue apenas despertar um sentimento: o de apatia.

A Bússola Dourada" é, pois, nada mais nada menos que um desperdício de tempo e dinheiro.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Joker(s)


Dois actores diferentes em dois universos diferentes a interpretarem a mesma personagem. Diga-se a mesma apenas em nome e aspecto. Enquanto que o Joker de Nicholson, do universo de Burton, era mais colorido, repleto de humor negro e ainda assim absolutamente louco, o de Ledger, do universo de Nolan, parece manter algum do humor, mas é menos colorido e mais realista.

A interpretação de Nicholson é fabulosa. A de Ledger... parece ir no mesmo caminho. Detestei "Batman Begins" e no geral não aprecio o cinema de Christopher Nolan... mas este "The Dark Knight" irá valer nem que seja pela abordagem de Ledger a uma excelente personagem.

O trailer da sequela de "Batman Begins" pode ser visto aqui.

domingo, dezembro 09, 2007

Palavras para quê...?




Trailer de Speed Racer, de Andy e Larry Wachowski.

E voilá... foi revelado aquele que será o mais visualmente estimulante blockbuster de 2008. É diferente de tudo aquilo que jamais poderia ter imaginado... e parece muito, muito bom.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

The Fountain, de Darren Aronofsky



Arrebatadora poesia cinematográfica

Existem sete tipos de filmes: os filmes péssimos/ridículos, nada mas que perdas de tempo em que todos os aspectos são de um falhanço agonizante; os filmes maus, em que existem algumas ideias que se podem aproveitar, mas em que o mau simplesmente afunda o bom, provocando por vezes uma verdadeira frustração no espectador, ao fazê-lo ver o potencial desperdiçado; os filmes banais, que não são bons nem maus... simplesmente vêm-se, providenciando ainda que a um nível muito básico um qualquer tipo de bom divertimento ao espectador; os filmes bons, em que o espectador sai satisfeito da sala de cinema, e em que os vários bons aspectos do filme suprimem as suas também óbvias falhas; os filmes muito bons/excelentes, filmes verdadeiramente óptimos que, não sendo Obras-Primas, conseguem ser verdadeiros pedaços de Cinema com C capital; as Obras-Primas, filmes incríveis, espectaculares, que despertam no espectador um rol de emoções como só o Cinema consegue fazer, filmes que são verdadeiras viagens de descoberta; e há ainda os filmes que podem ser chamados de "transcendentais"... filmes que vão além do que poderíamos julgar possível no Cinema, filmes que inovam, revolucionam, sendo ao mesmo tempo fontes de incríveis sentimentos e de... creio que podemos chamar-lhe de "iluminação"... filmes que passam a viver com o espectador, que o marcam verdadeiramente, que têm si tudo que de mais belo há não só no Cinema... filmes que são experiências de vida.

Ao olharmos para a ainda curta filmografia de Darren Aronofsky, é chocante verificar que, de apenas três filmes, dois deles enquadram-se nesta última categoria.
"Pi" foi um excelente filme, todo ele extremamente bem escrito e realizado, revelador acima de tudo de um potencial fabuloso por parte do seu realizador.
"Requiem for a Dream" foi incrível. Uma lição de vida, uma experiência emocional e sensorial arrebatadora. Aronofsky explora ao máximo o seu estilo expressionista, com o objectivo de colocar o espectador na pele das personagens, transmitindo um ambiente deprimente, realista, humano, e acima de tudo, poderoso. É um filme marcante, uma obra absolutamente incrível.

E depois veio "The Fountain". Um filme ainda mais indescritível e poderoso que "Requiem for a Dream" (ainda que de formas muito diferentes), e sem dúvida muito, muito mais pessoal. Aronofsky disse por várias vezes que o seu objectivo era fazer algo inovador dentro do género de Ficção Científica, algo que nós, o público, nunca tivéssemos visto. Tudo isto com uma história extremamente pessoal para o realizador, uma história que mostrava, basicamente, aquilo que este pensava acerca da vida, da morte, e do amor.
Aronofsky demorou seis anos a fazer o filme. Inicialmente, Brad Pitt e Cate Blanchett seriam os protagonistas... mas Pitt abandonou o projecto quando este estava em pré-produção (alegando supostas "divergências artísticas" com Aronofsky) e o projecto foi encerrado. E assim ficou durante muito tempo. Aronofsky, no entanto, não decidiu de contar a sua história... e se não o conseguia fazer numa arte, fá-lo-ia noutra: a arte da Banda-Desenhada. Contactou a Vertigo, e do seu argumento fez-se um excelente comic.
Mas, ainda assim, "The Fountain" não abandonava a mente de Aronofsky. Atormentava-o, aquele filme que ficou por fazer.

E então Aronofsky lembrou-se daquilo que era e é: um cineasta independente. E, baseando--se nisso, reescreveu o argumento. Fê-lo mais pessoal e menos espectacular... mais sentimentos, menos batalhas com centenas de guerreiros. Fê-lo (segundo ele próprio) "Não para agradar a ninguém, mas apenas pelo prazer da escrita, pelo prazer de contar uma história que significa verdadeiramente algo".
Já não era necessário um grande orçamento nem grandes estrelas. Mas dois enormes talentos do cinema actual nunca fizeram mal a ninguém, por isso Aronofsky colocou Rachel Weisz (a sua noiva) no filme, e contactou Hugh Jackman após o ter visto num musical na Austrális. Jackman leu numa noite o argumento, e no dia seguinte decidiu entrar no projecto. De forma a manter o orçamento o mais baixo possível, ambos os actores concordaram em receber um ordenado inferior ao normal.

Isto revela o óbvio empenho de Aronofsky em fazer este filme. E, de facto, "The Fountain" é como se o realizador tivesse retirado a sua alma do corpo, e a partir dela feito um filme. É um filme todo ele incrivelmente bem feito, como seu tudo fluisse directamente da mente de Aronofsky, como se este tivesse cada som, cada imagem perfeitamente calculada, pensada e imaginada. De todos os filmes que vi até hoje, "The Fountain" é aquele que flúi melhor. É como um enorme poema, todo ele declamado sempre com o tom correcto, tudo se encaixando perfeitamente.


Aronofsky é, obviamente, um realizador que tem o controlo total sobre todos os aspectos do filme. Desde a fabulosa fotografia de Matthew Libatique (visualmente, nunca se viu nada assim... o uso da microfotografia em vez de CGI é incrível) à banda-sonora de Clint Mansell (banda-sonora que já estava completa antes sequer de Aronofsky ter começado a filmar), a presença de Aronofsky está lá. O realizador trabalha intimamente com os seus colaboradores, no sentido de espremer o mais possível o seu potencial, aquilo que o criador deseja. Tal presença pode apenas ser comparada à de outros génios como Martin Scorsese, Quentin Tarantino, ou Park Chan-Wook (entre (não muitos) outros, claro).
Em "The Fountain", tudo é perfeito.

Falar da trama desta obra não é muito importante. "The Fountain" é para ser sentido, não percebido. Três histórias (uma no passado, outra no presente, e outra no futuro), onde Hugh Jackman é, respectivamente, um conquistador espanhol em busca da Árvore de Vida, um neurocirurgião a tentar curar o tumor da sua mulher (Rachel Weisz, que em todas as histórias interpreta a sua amada... quer seja, a sua mulher, ou uma rainha espanhola...), e um astronauta viajando numa nave (nave esta que é nada mais nada menos que uma bolha gigante... inovador e visualmente espectacular, no mínimo). Todas as histórias se interligam, convergindo na criação de uma única e epica história que é a viagem de um homem desde a escuridão à luz, viagem esta moticada pela mais nobre de todas as razões: o Amor.

"The Fountain" fala da morte e da sua aceitação, de renascimento, do amor... a sua lição é, talvez (e particularmente na sociedade actual), chocante para muitos... mas sem dúvida importante e necessária. A história é obviamente subjectiva e aberta à interpretação. Mas a história desta obra é talvez dos seus aspectos que menos importam... pois este filme (tal como já disse) é para ser sentido, não racionalizado. Até porque, seja qual for a interpretação de cada um, a lição do filme e os seus sentimentos são imutáveis. Tal como Aronofsky disse, ""The Fountain" é bastante como um cubo de Rubick, no qual há várias formas de este ser resolvido, mas no final existe apenas uma solução".
Jackman e Weisz interpretam na perfeição um casal apaixonado. A interpretação de Jackman é particularmente notável. A sua intensidade sempre realista e arrebatadora é simplesmente incrível.


Este é um filme único. Aronofsky queria fazer algo diferente e inovador... e foi isso mesmo que fez. É por isso compreensível que existam aqueles que o adoram e aqueles o odeiam. Pessoalmente, amo-o. Considero-o um dos filmes da minha (ainda bastante curta, diga-se de passagem) vida. "The Fountain" é um filme que vive comigo, que me influencia, que me marcou. Não é um filme para todos, claro. Mas é um filme que deve ser visto, nem que seja pela obra única que é.

Quanto a mim, deve ser visto pela obra transcendental que é. Pela viagem emocional e sensatorial. Pela fotografia de Libatique, a banda-sonora de Mansell, e as interpretações de Jackman e Weisz. Mas vale, acima de tudo, pela visão de Aronofsky.
Pois ele é um visionário, e aquilo que ele viu foi isto.


10/10

terça-feira, novembro 27, 2007

Momento hilariante do dia IV

Este é... absolutamente brilhante. Do melhor que Seth Green e companhia já fizeram no seu excelente programa de sketches: Robot Chicken.



Simplesmente magnífico...

sábado, novembro 24, 2007

Pequena descoberta do dia



Pequenas imagens dos bastidores de "Requiem for a Dream". Extremamente interessante, nem que seja para ver a forma como Aronofsky se comporta durante as filmagens de uma das suas Obras-Primas.

terça-feira, novembro 20, 2007

Então... será que este vai ser um daqueles directos para DVD?



"Night Watch" estreou nas nossas salas de cinema em Setembro (se não me engano) de 2005. Foi largamente publicitado como o primeiro capítulo de uma trilogia, baseada numa famosa saga literária russa. Foi um excelente e visualmente único filme de fantasia, uma pequena delícia que adorei ver numa sala de cinema. Seria de esperar, tendo sido lançado o primeiro capítulo nos cinemas nacionais, que o mesmo acontecesse com o segundo, "Day Watch". O filme estreou em Junho deste ano nos Estados Unidos, tendo sido lançado em Setembro e Outubro por vários países europeus. Mas, curiosamente... por cá nem tem estreia marcada. E eu, pessoalmente, começo a ficar assustado. Porque, tendo gostado bastante do primeiro capítulo, estou desejoso de ver o segundo. E tendo em conta que o segundo deve ser visuallmente tão espectacular como o primeiro... ficava bastante chateado se não pudesse ver isto no cinema. Mas começo a desconfiar que é isto mesmo que vai acontecer.

Enfim, espero bem que isto estreie por cá, nem que seja só no próximo ano... mas desconfio que vamos ter mais um "A Scanner Darkly" para adicionar à lista (ou então ainda hão-de lançar o filme só em duas salas...).

domingo, novembro 18, 2007

O Poeta do Som/Imagens




Se existe um filme que demonstra verdadeiramente a forma como Gus Van Sant consegue pegar em imagens em movimento (ou não), e a partir delas fazer algo de uma inegável vaga de sentimentos e de uma melancolia profunda... esse filme é "Paranoid Park". Com esta obra, Van Sant leva o seu fabuloso controlo do som e da imagem a um novo nível. Tal controlo já tinha sido mostrado nos seus anteriores filmes (particularmente com "Elephant")... mas desta vez, Van Sant atingiu verdadeiramente um novo patamar. O uso do som e das imagens (seja de um duche em que a câmara-lenta e o ensurdecedor barulho de fundo mostram o desespero da personagem principal, ou de jovens a andar de skate com um sorriso na face) são apenas instrumentos que Van Sant usa para nos colocar dentro da mente e do coração da sua personagem principal. Neste caso, Alex Tremain, um jovem que se vê envolvido na morte acidental de um segurança. Os sentimentos de culpa de tal acto aliados o isolamento típico da juventude são mostrados de forma perfeita por Van Sant, que sabe como ninguém captar a essência de uma juventude/geração. Nunca vemos Alex chorar. Nunca o vemos numa explosão de fúria ou de dor. Porque, num adolescente, o mais importante é sempre aquilo que não vemos... o interior, não a superfície. Porque existe sempre algo mais para um jovem nesta fase da vida. Algo mais que a guerra do Iraque, algo mais que as aulas de biologia... existe (como chega a dizer Alex) "um universo de cenas superiores". E apenas Van Sant consegue recriar de forma magnífica os conturbados sentimentos da adolescência... apenas ele nos consegue convidar a olhar para o verdadeiro interior das suas personagens, símbolos de uma geração, de uma juventude. Um dos filmes do ano (mas aviso já para nao ficarem à espera de algo melhor que "Elephant"!). Visualmente maravilhoso (é espectacular o que este homem fez com os skaters... e o Van Sant aliado ao Christopher Doyle...) e emocionalmente poderosíssimo.

Este filme voi visionado na última sessão do European Film Festival. Um festival que, segundo me informaram, não verificou grande afluência por parte do público. Algo compreensível, devido aos problemas de organização, à falta de pulicidade, e à falta de interesse que a imprensa revelou pelo festival. Já para não falar do espaço... aquela placa a dizer que a entrada era interdita a menores de 18 anis deve ter assustado muito boa gente (enfim... eu lá tive de entrar por uma entrada lateral, que dava acesso directo á sala...).
Pessoalmente, desejo verdadeiramente uma nova edição deste festival no próximo ano. Que se mantenha a qualidade da selecção de obras... e que se melhore a organização do festival (eu nem tenho razões de queixa, mas por mais de duas ou três vezes modificaram à última da hora a programação).
Se no próximo ano houver uma seguna edição... lá estarei.