quarta-feira, janeiro 30, 2008

Grandes Videoclips

Porque existem por aí videoclips que são autênticos grandes pequenos filmes, e porque existem por aì grandes realizadores a fazerem pequenos grandes videoclips... e porque era isso que o Michael Bay devia estar a fazer em vez de estar no cinema... e porque nada mais me agradaria do que falar de música de vez em quando neste meu espaço.

Inicio esta pequena rubrica com um videoclip cujo valor cinematográfico é inegável: o videoclip de "Bones", dos The Killers. E o seu valor cinematográfico é inegável porque quem o realizou foi nada mais nada menos que o grande... Tim Burton. E nota-se o seu estilo, quer seja nos ossos do guitarrista ou nos esqueletos em câmara lenta. Um excelente videoclip para uma excelente música, e aproveito para aqui proclamar a minha adoração pelo muitas vezes odiado álbum do qual esta música foi retirada: "Sam's Town", o segundo álbum dos The Killers, uma banda da qual sou um enorme admirador, e cujo segundo álbum demonstra um enorme salto de maturidade e criatividade em relação ao seu primeiro trabalho, o também excelente "Hot Fuss".

"Bones". Música dos The Killers, videoclip realizado por Tim Burton.



The Killers - Bones
Colocado por toma-uno

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Ciclo de Cinema Nova Escola de Berlim



"A Nova Escola de Berlim é um movimento cinematográfico contemporâneo de invulgar importância. Espécie de anti-Dogma, por não ter quaisquer regras definidas, e também chamada de Nouvelle Vague alemã, foi designada como tal em 2001 por dois críticos que tentavam compreender o impacto conjunto dos realizadores Angela Schanelec, Thomas Arslan e Christian Petzold, devido ao facto destes terem estudado (com Harmut Bitomsky e Harun Farocki) na dffb, uma academia independente de cinema em Berlim. Esta renovação artística do cinema alemão começou efectivamente a fazer-se sentir quando, ao gesto cinematográfico original e contínuo dos primeiros, autores com cinco ou mais longas-metragens, outros cineastas mais novos, num cúmplice movimento de aproximação, a eles se associaram e os filmes de ambos começaram a chegar aos grandes festivais internacionais. De entre estes, saliência neste programa para Valeska Grisebach, com o seu líndissimo «filme de amor», SEHNSUCHT, filmado depois de extensa investigação, com actores amadores/não-actores que acrescentam rostos novos, mais comuns e de maior generosidade, ao cinema. Outro jovem e talentoso realizador é Ulrich Köhler, com o seu sarcasmo implacável mas contido em BUNGALOW."


Programação:

5ª, dia 31.1, 21h30 – São Jorge 3
Sehnsucht / Anseio 2006, 85’
Valeska Grisebach

6ª, dia 1.2, 21h30 – São Jorge 3
Bungalow 2002, 84’
Ulrich Köhler

Sáb, dia 2.2, 19h – São Jorge 3
Marseille / Marselha 2004, 95’
Angela Schanelec

Sáb, dia 2.2, 21h30 – São Jorge 3
Ferien / Férias 2007, 91’
Thomas Arslan

Dom, dia 3.2, 21h30 – São Jorge 3
Nachmittag / Tarde 2006, 97’
Angela Schanelec

2ª, dia 4.2, 21h30 – São Jorge 3
Klassenfahrt / Excursão escolar 2002, 86’
Henner Winckler

3ª, dia 5.2, 21h30 – São Jorge 3
Schläfer / Adormecido 2005, 100’
Benjamin Heisenberg

4ª, dia 6.2, 19h – São Jorge 3
Wolfsburg / Wolfsburgo 2002, 93’
Christian Petzold
com a presença do realizador


Programação de André Dias, autor do blogue Ainda Não Começámos a Pensar.

Porque vale sempre, sempre a pena divulgar estes belos ciclos de cinema...

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Tão jovem...


Chocante e triste...

Tinha 28 anos e uma carreira que estava agora a atingir o auge. Poderá ter sido uma overdose de comprimidos para dormir acidental, já que Ledger sofria de insónias já há algum tempo.

O seu trabalho como Joker era um dos papéis que mais ansiava (e anseio) ver, e "Brokeback Mountain" revelou um potencial enorme. Esperava que Ledger crescesse mais, se tornasse num actor verdadeiramente portentoso. O seu potencial, o seu talento em bruto era enorme. Mas nunca veremos o amadurecimento deste actor, deste jovem, cuja carreira estava agora a atingir o auge. A sua escolha de papéis a interpretar revelava uma coragem digna de um grande actor, e tinha um futuro promissor à sua frente. Mas nunca veremos isso.

Morreu quando ainda tinha tanto para dar... não só a nós, cinéfilos, mas também à família e amigos. Era jovem. Tão jovem...

Que descanse em paz.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

David e o iPhone

Será lançado em breve (ou se calhar até já foi lançado e eu é que não me mantenho informado...) o iPhone, o telemóvel da Apple. Esse belo dispositivo permitirá, entre outras coisas, ver filmes no telemóvel. Algo inovador, sem dúvida. Mas... que pensará o nosso David Lynch acerca disto? Ora vejamos...



Tenho a certeza que a Apple também te adora, David! Raios, este homem é mesmo um espectáculo...

Eu, pessoalmente, tenho de concordar. É claro que se estivermos num longo voo de três horas e desejarmos ver o Magnolia pela enésima vez... está bem, aceita-se. Apenas porque é a enésima vez. Mas um filme (qualquer filme, seja ele um drama ou uma comédia romântica) deve ser visto pela primeira vez em condições minimamente aceitáveis... condições essas que um simples ecrã de telemóvel não consegue providenciar.

E vocês, o que acham?

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Aquela idade

Imagem de "O Castelo Andante", um filme que é todo ele sobre a perda dos medos infantis e a chegada à maturidade



Faço hoje 18 anos. Discutivelmente, podemos afirmar que essa é a primeira grande idade na vida de alguém. Legalmente, pelo menos. Já posso ser preso, casar-me, e tirar a cartade condução. Vá-se lá saber porquê, não planeio fazer nada disso em breve, por isso mantém-se tudo igual. Mas sinto-me ligeiramente mais velho, e agora posso entrar naqueles tais filmes para maiores de 18 que raramente aparecem nas nossas salas. Ah, e estou mais perto dos 20.

E recebi aqui a bela colecção Tarkovsky da Midas, e irei agora finalmente conhecer aquele que é um dos mais únicos cineastasda Sétima Arte. Só por isso, o dia de hoje já é importante.
E voilá... sou maior de idade. E cinematograficamente mais culto, em breve.


segunda-feira, janeiro 07, 2008

A Juventude




"Rebel Without A Cause", realizado por Nicholas Ray e protagonizado pelo lendário James Dean, é, indo directo ao assunto, o mais impressionante, realista, profundo, e belo retrato de juventude que jamais vi. De facto, esta é uma Obra-Prima absoluta, um triunfo em todos os aspectos... mas o que mais surpreende é sem duvida o facto de ser tão intemporal. Já passaram mais de cinquenta anos, mas o filme continua profundamente actual. E muito provavelmente continuará a sê-lo daqui a mais cinquenta e tal anos.

É, em praticamente duas horas, a essência de um jovem e o seu mundo. Não a essência de apenas uma geração, mas a da juventude em si. Senti uma fortíssima ligação com aquele trio de personagens (particularmente com Jim, interpretado por um espantoso James Dean) e com o seu mundo, todo ele tão realista e complexo, tal como... enfim, tal como o mundo é realmente. Não existem estereótipos, não existem assuntos simplificados... é apenas toda a essência de uma juventude tal como ela é. As relações com os pais (todos eles encarados de forma igualmente realista e complexa) e com os restantes membros de uma certa geração... todo o filme é de uma profundidade arrebatadora.

E há James Dean que se destaca por entre todas aquelas belas interpretações. James Dean, com a sua intensidade num papel que ficará para sempre gravado na minha memória. James Dean, provando aqui a razão do seu estatuto. James Dean, sempre fascinante e inigualável, com uma presença e uma intensidade digna de uma lenda. A sua presença acaba, pois, por ser um dos muitos trunfos de um filme que é todo ele absolutamente intemporal e perfeito.

Obra-Prima absoluta.

sábado, janeiro 05, 2008

Top 10 de 2007

Problemas técnicos resolvidos, deixo agora o meu Top de 2007. Que tenhamos filmes tão bons como os do ano que passou... preferencialmente em maior quantidade (apesar de me terem escapado alguns)...

10-


Zodiac, de David Fincher

Um thriller magnificamente construído e profundamente envolvente como só Fincher consegue fazer. As interpretações são todas elas óptimas, e Fincher consegue na perfeição contar a história não do assassino, mas sim de um trio de personagens e da sua obcessão pela descoberta da identidade de um criminoso. Ambicioso e épico em termos humanos (na forma como aprofunda as suas personagens) e técnicos (na forma como retrata um longo período de tempo e os seus locais, dando uso a um brilhante e subtil uso de CGI).


9-

Paranoid Park, de Gus Van Sant

Falta-lhe talvez o poder do tema e na história geral de "Elephant", mas é sem sombra de dúvida um filme absolutamente soberbo. Van Sant atinge aqui um novo nível, revelando estar sobre controlo absoluto da sua arte, conseguindo criar momentos audiovisuais absolutamente notáveis. Mas o mais importante é sem dúvida a personagem principal e a sua história, e Van Sant consegue (mais uma vez) fazer um tocante retrato de uma geração, e daquilo que é ser um jovem.


8-



The Bourne Ultimatum, de Paul Greengrass
Uma verdadeira injecção de adredalina que, além de cenas de acção absolutamente incríveis (complexas, realistas e humanas), possui acima de tudo uma história adulta e uma personagem principal de uma ambiguidade como raramente se vê no género. Bourne luta apenas por si mesmo e por mais ninguém, procurando por respostas, tentando recuperar a sua identidade, de forma a poder enfrentar verdadeiramente os erros do seu passado. As respostas são entregues neste último (espero eu...) capítulo da trilogia, e Bourne regressa onde tudo começou de forma não só a enfrentar o seu criador, mas acima de tudo para se enfrentar a si mesmo e ao seu passado, de forma não a obter redenção, mas antes para abrir a porta que a possibilite. A porta fica aberta, e agora Bourne pode finalmente atravessá-la.

7-




Ratatouille, de Brad Bird

Um filme de animação absolutamente maravilhoso. Seja na sua comédia fisica, no esplendor visual, ou no seu argumento acima do esperado no género (mesmo vindo da Pixar...), Ratatouille é um triunfo a todos os níveis, um filme de hoje que relembra curiosamente os filmes do passado. Sente-se aqui um espírito à la Disney, apenas actualizado ao cinema de animação de hoje, com um argumento complexo (será possível não nos matavilharmos com aquele crítico gastronómico?) e um estilo visual belíssimo. Um filme que coloca um enorme sorriso na cara e no espírito de qualquer um.

6-




Death Proof, de Quentin Tarantino

O filme Z de Tarantino. Uma homenagem a um género que o inspirou. "Death Proof" é o filme Z do presente, mantendo o espírito clássico característico do género. Temos aqui telemóveis, perseguições de carro mais elaboradas (e que espectacular que é aquela perseguição final!!), e... Kurt Russel. Além desta temática, Death Proof é um divertimento nostálgico espectacular... de todas as minhas idas ao cinema, esta foi sem dúvida uma das que mais divertiu (com aquele final...). Talvez não seja o melhor de Tarantino, mas dos seus filmes é sem dúvida o que mais entretém. Entretenimento feito por cinéfilos (Tarantino), para cinéfilos


5-


The Good Shepherd, de Robert DeNiro
Obra-Prima de DeNiro, que revela aqui (digo eu, que nunca vi o seu primeiro filme como realizador) uma sensibilidade notável, e um controlo absoluto sobre uma épica e ambiciosa história sobre aquela misteriosa insituição que é a CIA. Mas The Good Shepherd é também a história de uma notável personagem: um dos primeiros agentes, Edward Wilson, interpretado por um espectacular Matt Damon. Frio, distante, mas emocionalmente profundo, Damon faz um trabalho notável, digno de um dos maiores actores da sua geração. De facto, todos os actores (tenhal eles papéis grandes ou pequenos) fazem um trabalho no mínimo magnético. Uma das Obras-Primas do ano. Absolutamente magnífico.

4-





Eastern Promises, de David Cronenberg

Cronenberg não desilude. Depois dos também óptimos "A History of Violence" e "Spider", Cronenberg mantémo seu cinema impregnado numa violência tão física quanto psicológica. Esta é, pois, uma interessantíssima fase do realizador, que parece afastar-se de robôs e homens que se transformam em moscas gigantes para se concentrar em universos mais... reais. Podemos identificar em "Eastern Promises" a violência que sempre existiu na filmografia do realizador, mas uma violência mais humana e realista. Cronenberg transporta-nos pelo universo da máfia russa de Londres, criando personagens que nunca são o que parecem, levando-nos pelas suas várias camadas. Viggo Mortensen tem uma interpretação poderosíssima, encarnando e emergindo-se a si mesmo na sua personagem. A violência e intensidade de um mundo como apenas Cronenberg consegue retratar... particularmente neste caso, quando este mundo está tão perto do nosso. Pois"Eastern Promises" é, acima de tudo (por entre a violência e intensidade), um filme profundamente humano. E tem aquela que é talvez uma das mais intensas cenas que jamais vi numa sala de cinema.

3-


Redacted, de Brian De Palma

Com toda a nova tecnologia e meios de comunicação desta nova era, De Palma revela um nova forma de fazer cinema. Redacted é cinema experimental no seu melhor, esteticamente espectacular... e é ainda um filme emocionalmente poderosíssimo, sendo um profundo estudo da natureza humana e da actual sociedade. É um filme anti-guerra, sim, mas é, acima disso, um filme pró-verdade.

2-



Letters from Iwo Jima, de Clint Eastwood

Eastwood é um cineasta grandioso, sendo (juntamente com Scorsese, entre poucos outros) um dos grandes cineastas clássicos do cinema actual. Eastwood é um contador de histórias fascinado com as personagens da história que está a relatar, e a dimensão humana de "Letters from Iwo Jima" é arrebatadora. Esta é uma obra-prima que nos toca verdadeiramente no âmago, um filme poderosíssimo, que nos revela (juntamente com "Flags of Our Fathers"), a verdadeira dimensão daquilo que é uma guerra.





1-


The Fountain, de Darren Aronofsky

Oh vá lá... quem é que já não estava à espera desta? Aqueles que costumam ler este blogue já sabem há meses que filme ocuparia este lugar no meu top de 2007. Com uma larga vantagem sobre os restantes filmes do top, "The Fountain" é, pura e simplesmente, um dos grandes filmes da minha (ainda curta, e por isso é que odeio dizer isto... mas é mesmo...) vida. Visionário, emocionalmente e visualmente arrebatador, uma experiência sensorial... este é, de longe, o meu filme preferido de 2007.