quinta-feira, maio 08, 2008

"Existence... what does it matter? The past is now part of my future, the present is well out of hand"



Não costumo comprar DVDs de filmes que ainda não vi. É sempre um risco. Os DVDs não são baratos, e se no final o filme não for assim tão bom... acaba por ter sido um desperdício de dinheiro. Tento fazer isso apenas com filmes com uma certa relevância cinematográfica, ou que a mim, pessoalmente, me interessam particularmente.

A compra de "Control" foi, pois, um impulso. Já tinha ouvido falar muito bem do filme, e fiquei com pena de o ter perdido no cinema, mas não planeava comprá-lo... 20 e tal euros por uma edição especial de um filme que não tinha visto? Enfim...
Mas comprei-o. Pouco ou nada conhecia dos Joy Division, e como amante de música já há algum tempo que os queria começar a conhecer melhor. Isso aliado à boa recepção que o filme teve fez com que acabasse por comprar o DVD.

E ainda bem que o fiz, porque "Control é um filme absolutamente brilhante. Muito mais que um simples biopic, é acima de tudo a fascinante história de um jovem e da forma como o controlo da sua própria vida lhe escapa, lavando-o numa espiral de dor. É história de Ian Curtis, o vocalista de uma das bandas mais influentes dos anos 80? Sim. Mas é também muito mais que isso.

O preto-e-branco é magnífico, dando ao filme uma melancolia que cria na perfeição o tom perfeito para a história. E em termos visuais, acaba por ter uma inegável beleza. E filmes a preto-e-branco hoje em dia são raros...

As interpretações são todas elas óptimas. Samantha Morton (como Deborah Curtis) e Sam Riley (protagonista, como Ian Curtis... e que excelente papel que o rapaz faz...) são espectaculares, a realização é notável (é o primeiro filme de Anton Corbijn, realizador de videoclips/fotógrafo que já trabalhou com algumas das mais importantes bandas da música... incluindo os Joy Division), e é simplesmente um filme que não falha em nenhum aspecto.

E há a banda-sonora. Como disse, pouco ou nada conhecia dos Joy Division. Mas agora sou fã. As músicas em si são óptimas, e a forma como foram usadas no filme é impressionante (a "Atmosphere"...), e quando este acabou, já era um admirador. Tanto a história da banda e do seu vocalista (Ian Curtis é fascinante...) como a própria música que faziam é incrível.

"Control" converterá qualquer um a fã dos Joy Division. Mas é muito mais que isso. Muito mais que um biopic. Não mostra Ian Curtis como um ídolo, ou como um ícone. Mostra-o tal e qual como este foi: um jovem com graves problemas, cuja vida culminou num fim trágico.

"Control" comove. Comove muito.

É uma Obra-Prima. E das melhores compras que fiz nos últimos tempos! Nem esperava que fosse tão bom...

Anseio agora pelo próximo filme de Anton Corbijn.


E como fã dos The Killers, um destaque para a excelente cover que fizeram de "Shadowplay". Corbijn gostou tanto que a usou nos créditos finais, dando ao filme no final um certo simbolismo, no qual o presente e o passado chocam: a influência dos Joy Division permanece. E sem dúvida permanecerá por muito mais tempo.