domingo, dezembro 30, 2007

Uma pequena pausa

Por motivos técnicos (o PC enlouqueceu!!), farei uma pequena pausa no Cinefolia. Uma chatice, já que tinha aqui uma bela ideia para um post que terá de ficar adiada... enfim. Irritante pausa inesperada...
Regressarei o mais rapidamente possível (com qualquer coisa acerca da minha primeira curta-metragem (que por acaso parece que não vai ficar assim tão curta) e da bela experiência que tem sido), com problemas técnicos resolvidos e um PC um pouco mais calmo.

E agora... DESEJO-VOS A TODOS UM BELO E PRÓSPERO ANO NOVO!! (peço desculpa pelo caps, mas devido às questões técnicas previamente mencionadas, não consigo modificar em nada o formato da escrita).


/inserir aqui uma qualquer imagem agradável de carácter cinematográfico que transmita de qualquer forma a mensagem mencionada em cima (pois... também não consigo colocar imagens...)


BOM 2008 A TODOS, E ATÉ BREVE!!

domingo, dezembro 23, 2007

Feliz Natal/Hannukah/etc!



E que recebam belas prendas de alto calibre cinematográfico (olhem que o Blade Runner e a colecção Stanley Kubrick já estão à venda...)!

sábado, dezembro 22, 2007

Desperdício



E heis que as regras do género fantástico se começam a definir: atira-se para lá um jovem qualquer que parte numa aventura, adiciona-se uma profecia qualquer, e cria-se uma organização malvada (ou apenas um vilão ou uma vilã) que quer deter a criança. Já tivemos o Frodo, o Potter, os irmãos das Crónicas de Narnia, e agora temos a jovem Lyra. Mas enquanto que, à excepção do de Lyra, todos estes filmes anteriores se destacavam nem que fosse nalgum aspecto (seja os magníficos efeitos visuais da Weta, a interessante vertente emocional da história de Potter, ou... enfim, basicamente tudo na trilogia de Peter Jackson), "A Bússola Dourada" é banal em todos os aspectos. A história é previsível e nada interessante; os efeitos visuais não de destacam em comparação com o que se faz actualmente (ou com o que já se fez...); e os actores não têm grande coisa que fazer. Chris Weistz, o realizador, tinha desistido do projecto há alguns anos atrás por achar que este era simplesmente um filme demasiado complicado de fazer. Infelizmente, acabou por retomar o projecto anos depois... e o resultado chega agora.

A Bússola Dourada" é a adaptação do primeiro de uma trilogia literária escrita por Phillip Pullman. E se como filme é mau, como adaptação é ainda pior. Trata-se de uma simples banalização e simplificação de uma bela obra literária, tentando ao máximo copiar e seguir as tais regras que este género começa a criar. A história move-se a pontapé, as personagens parecem robôs, e nem mesmo a níveis mais técnicos o filme se destaca.

O que é que sobra? Enfim... a Nicole Kidman está magnífica como sempre, iluminando o ecrã sempre que aparece (pena é que não apareça assim tantas vezes...)... e os ursos polares estão engraçados. Mas isso em nada compensa um filme que parece ter sido todo ele feito por robôs, e que no espectador consegue apenas despertar um sentimento: o de apatia.

A Bússola Dourada" é, pois, nada mais nada menos que um desperdício de tempo e dinheiro.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Joker(s)


Dois actores diferentes em dois universos diferentes a interpretarem a mesma personagem. Diga-se a mesma apenas em nome e aspecto. Enquanto que o Joker de Nicholson, do universo de Burton, era mais colorido, repleto de humor negro e ainda assim absolutamente louco, o de Ledger, do universo de Nolan, parece manter algum do humor, mas é menos colorido e mais realista.

A interpretação de Nicholson é fabulosa. A de Ledger... parece ir no mesmo caminho. Detestei "Batman Begins" e no geral não aprecio o cinema de Christopher Nolan... mas este "The Dark Knight" irá valer nem que seja pela abordagem de Ledger a uma excelente personagem.

O trailer da sequela de "Batman Begins" pode ser visto aqui.

domingo, dezembro 09, 2007

Palavras para quê...?




Trailer de Speed Racer, de Andy e Larry Wachowski.

E voilá... foi revelado aquele que será o mais visualmente estimulante blockbuster de 2008. É diferente de tudo aquilo que jamais poderia ter imaginado... e parece muito, muito bom.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

The Fountain, de Darren Aronofsky



Arrebatadora poesia cinematográfica

Existem sete tipos de filmes: os filmes péssimos/ridículos, nada mas que perdas de tempo em que todos os aspectos são de um falhanço agonizante; os filmes maus, em que existem algumas ideias que se podem aproveitar, mas em que o mau simplesmente afunda o bom, provocando por vezes uma verdadeira frustração no espectador, ao fazê-lo ver o potencial desperdiçado; os filmes banais, que não são bons nem maus... simplesmente vêm-se, providenciando ainda que a um nível muito básico um qualquer tipo de bom divertimento ao espectador; os filmes bons, em que o espectador sai satisfeito da sala de cinema, e em que os vários bons aspectos do filme suprimem as suas também óbvias falhas; os filmes muito bons/excelentes, filmes verdadeiramente óptimos que, não sendo Obras-Primas, conseguem ser verdadeiros pedaços de Cinema com C capital; as Obras-Primas, filmes incríveis, espectaculares, que despertam no espectador um rol de emoções como só o Cinema consegue fazer, filmes que são verdadeiras viagens de descoberta; e há ainda os filmes que podem ser chamados de "transcendentais"... filmes que vão além do que poderíamos julgar possível no Cinema, filmes que inovam, revolucionam, sendo ao mesmo tempo fontes de incríveis sentimentos e de... creio que podemos chamar-lhe de "iluminação"... filmes que passam a viver com o espectador, que o marcam verdadeiramente, que têm si tudo que de mais belo há não só no Cinema... filmes que são experiências de vida.

Ao olharmos para a ainda curta filmografia de Darren Aronofsky, é chocante verificar que, de apenas três filmes, dois deles enquadram-se nesta última categoria.
"Pi" foi um excelente filme, todo ele extremamente bem escrito e realizado, revelador acima de tudo de um potencial fabuloso por parte do seu realizador.
"Requiem for a Dream" foi incrível. Uma lição de vida, uma experiência emocional e sensorial arrebatadora. Aronofsky explora ao máximo o seu estilo expressionista, com o objectivo de colocar o espectador na pele das personagens, transmitindo um ambiente deprimente, realista, humano, e acima de tudo, poderoso. É um filme marcante, uma obra absolutamente incrível.

E depois veio "The Fountain". Um filme ainda mais indescritível e poderoso que "Requiem for a Dream" (ainda que de formas muito diferentes), e sem dúvida muito, muito mais pessoal. Aronofsky disse por várias vezes que o seu objectivo era fazer algo inovador dentro do género de Ficção Científica, algo que nós, o público, nunca tivéssemos visto. Tudo isto com uma história extremamente pessoal para o realizador, uma história que mostrava, basicamente, aquilo que este pensava acerca da vida, da morte, e do amor.
Aronofsky demorou seis anos a fazer o filme. Inicialmente, Brad Pitt e Cate Blanchett seriam os protagonistas... mas Pitt abandonou o projecto quando este estava em pré-produção (alegando supostas "divergências artísticas" com Aronofsky) e o projecto foi encerrado. E assim ficou durante muito tempo. Aronofsky, no entanto, não decidiu de contar a sua história... e se não o conseguia fazer numa arte, fá-lo-ia noutra: a arte da Banda-Desenhada. Contactou a Vertigo, e do seu argumento fez-se um excelente comic.
Mas, ainda assim, "The Fountain" não abandonava a mente de Aronofsky. Atormentava-o, aquele filme que ficou por fazer.

E então Aronofsky lembrou-se daquilo que era e é: um cineasta independente. E, baseando--se nisso, reescreveu o argumento. Fê-lo mais pessoal e menos espectacular... mais sentimentos, menos batalhas com centenas de guerreiros. Fê-lo (segundo ele próprio) "Não para agradar a ninguém, mas apenas pelo prazer da escrita, pelo prazer de contar uma história que significa verdadeiramente algo".
Já não era necessário um grande orçamento nem grandes estrelas. Mas dois enormes talentos do cinema actual nunca fizeram mal a ninguém, por isso Aronofsky colocou Rachel Weisz (a sua noiva) no filme, e contactou Hugh Jackman após o ter visto num musical na Austrális. Jackman leu numa noite o argumento, e no dia seguinte decidiu entrar no projecto. De forma a manter o orçamento o mais baixo possível, ambos os actores concordaram em receber um ordenado inferior ao normal.

Isto revela o óbvio empenho de Aronofsky em fazer este filme. E, de facto, "The Fountain" é como se o realizador tivesse retirado a sua alma do corpo, e a partir dela feito um filme. É um filme todo ele incrivelmente bem feito, como seu tudo fluisse directamente da mente de Aronofsky, como se este tivesse cada som, cada imagem perfeitamente calculada, pensada e imaginada. De todos os filmes que vi até hoje, "The Fountain" é aquele que flúi melhor. É como um enorme poema, todo ele declamado sempre com o tom correcto, tudo se encaixando perfeitamente.


Aronofsky é, obviamente, um realizador que tem o controlo total sobre todos os aspectos do filme. Desde a fabulosa fotografia de Matthew Libatique (visualmente, nunca se viu nada assim... o uso da microfotografia em vez de CGI é incrível) à banda-sonora de Clint Mansell (banda-sonora que já estava completa antes sequer de Aronofsky ter começado a filmar), a presença de Aronofsky está lá. O realizador trabalha intimamente com os seus colaboradores, no sentido de espremer o mais possível o seu potencial, aquilo que o criador deseja. Tal presença pode apenas ser comparada à de outros génios como Martin Scorsese, Quentin Tarantino, ou Park Chan-Wook (entre (não muitos) outros, claro).
Em "The Fountain", tudo é perfeito.

Falar da trama desta obra não é muito importante. "The Fountain" é para ser sentido, não percebido. Três histórias (uma no passado, outra no presente, e outra no futuro), onde Hugh Jackman é, respectivamente, um conquistador espanhol em busca da Árvore de Vida, um neurocirurgião a tentar curar o tumor da sua mulher (Rachel Weisz, que em todas as histórias interpreta a sua amada... quer seja, a sua mulher, ou uma rainha espanhola...), e um astronauta viajando numa nave (nave esta que é nada mais nada menos que uma bolha gigante... inovador e visualmente espectacular, no mínimo). Todas as histórias se interligam, convergindo na criação de uma única e epica história que é a viagem de um homem desde a escuridão à luz, viagem esta moticada pela mais nobre de todas as razões: o Amor.

"The Fountain" fala da morte e da sua aceitação, de renascimento, do amor... a sua lição é, talvez (e particularmente na sociedade actual), chocante para muitos... mas sem dúvida importante e necessária. A história é obviamente subjectiva e aberta à interpretação. Mas a história desta obra é talvez dos seus aspectos que menos importam... pois este filme (tal como já disse) é para ser sentido, não racionalizado. Até porque, seja qual for a interpretação de cada um, a lição do filme e os seus sentimentos são imutáveis. Tal como Aronofsky disse, ""The Fountain" é bastante como um cubo de Rubick, no qual há várias formas de este ser resolvido, mas no final existe apenas uma solução".
Jackman e Weisz interpretam na perfeição um casal apaixonado. A interpretação de Jackman é particularmente notável. A sua intensidade sempre realista e arrebatadora é simplesmente incrível.


Este é um filme único. Aronofsky queria fazer algo diferente e inovador... e foi isso mesmo que fez. É por isso compreensível que existam aqueles que o adoram e aqueles o odeiam. Pessoalmente, amo-o. Considero-o um dos filmes da minha (ainda bastante curta, diga-se de passagem) vida. "The Fountain" é um filme que vive comigo, que me influencia, que me marcou. Não é um filme para todos, claro. Mas é um filme que deve ser visto, nem que seja pela obra única que é.

Quanto a mim, deve ser visto pela obra transcendental que é. Pela viagem emocional e sensatorial. Pela fotografia de Libatique, a banda-sonora de Mansell, e as interpretações de Jackman e Weisz. Mas vale, acima de tudo, pela visão de Aronofsky.
Pois ele é um visionário, e aquilo que ele viu foi isto.


10/10